Impactos da Reoneração da Folha de Pagamento no setor de Transportes

O setor de transportes é um dos pilares da economia brasileira, responsável por garantir a mobilidade de mercadorias e pessoas em todo o país. No entanto, a dependência do modal rodoviário — que movimenta entre 61% e 65% da carga nacional segundo a CNT — somada à baixa qualidade da infraestrutura, eleva os custos logísticos e reduz a competitividade dos produtos brasileiros. 

Nesse contexto, a carga tributária surge como um dos maiores desafios. A desoneração da folha de pagamento, que buscava reduzir custos e estimular empregos, foi alterada pela Lei 14.973/2024, que determina a reoneração gradual até 2028. 

Para avaliar os efeitos, foram simulados três cenários de operação: 

O objetivo é oferecer subsídios práticos e teóricos para decisões estratégicas e políticas públicas que fortaleçam o setor. 

Resultados das Simulações 

Cenário de frota própria e terceirizada 

As análises demonstram que a escolha do regime tributário impacta diretamente a lucratividade e competitividade. 

Segundo a Confederação Nacional do Transporte, a reoneração poderá gerar perda de competitividade e aumento do desemprego, confirmando a preocupação de que as empresas percam um benefício fiscal que chegou a representar economias de mais de R$ 1,5 milhão em alguns casos. 

Possíveis Soluções para as Transportadoras 

Diante da elevação dos custos, empresas do setor podem adotar estratégias fiscais e operacionais para mitigar os impactos. 

Planejamento Tributário Contínuo 

Contar com especialistas para identificar o regime fiscal mais adequado é essencial para manter a lucratividade e garantir conformidade com as mudanças legais. 

Otimização da Base de Contratações 

Gestão Operacional Eficiente 

Além da esfera fiscal, a redução de custos operacionais é indispensável: 

Essas práticas ajudam a compensar o aumento dos encargos e tornam o modelo de negócio mais resiliente. 

As simulações reforçam que, entre 2024 e 2028, a reoneração da folha reduzirá progressivamente os benefícios da CPRB, até que em 2028 a alíquota de 20% sobre a folha de pagamento volte integralmente. 

O cenário de frota terceirizada, embora tenha gerado maior economia durante a desoneração, será o mais afetado com a perda definitiva desse benefício. Empresas com alta base de subcontratação de pessoas físicas estarão entre as mais sensíveis às mudanças. 

A saída está em unir planejamento tributário inteligente com otimização de custos operacionais. Assim, o setor pode se adaptar ao novo cenário, garantir competitividade e sustentar o crescimento mesmo diante de uma carga tributária mais pesada. 

Escrito por Caio Jorge Rodrigues Baldassaune – assistente de Análise de Dados na Funcional